16 de dezembro de 2008

FANZINE cena hardcore

Há tempos estou devendo uma carta pro Cientista, apelido do Luis Eduardo, fanzineiro (das antigas) de Londrina, PR. Ele me mandou um envelope recheado de coisas boas, e o tempo corrido não me permitiu responder à altura. Isso me fez pensar/perceber o quanto tudo mudou desde que deixei de vez a cena zineira, por volta de 93. Comecei a fazer fanzine em 1986, e tinha contato com gente do Brasil todo, além de algumas correspondências de outros países. Era loucura aquilo tudo. Dezenas de cartas toda semana na caixa postal, praticamente impossível manter contato com todos. Mas respondia pra maioria.

Vim conhecer pessoalmente o Cientista por volta de 1990, quando ele organizou um encontro libertário em Londrina e eu fui. Bem, mas a história não é essa. O objetivo aqui é comentar o material que ele me mandou. E sei que devo explicar o que é um fanzine, para aqueles que não conhecem.

Fanzine é uma publicação feita em casa, por qualquer pessoa (normalmente adolescentes), sobre o assunto que mais gosta. Recorta, cola, escreve, datilografa, dobra, prepara, xeroca e distribui. Basicamente é isso. Só que agora, século XXI, os fanzines se adaptaram à nova realidade tecnológica.

Pra fazer uma analogia, “os blogues de hoje são os fanzines de ontem” – essa é minha concepção. Inúmeros blogues, espalhados por todo o mundo, com assuntos diversos, formas e cores, difundindo idéias e trocando contatos com pessoas que tem afinidades.

Mas nada como sentir o papel nas mãos, o cheiro da tinta do xerox ou da máquina off-set. Deitar na cama ou no chão e ficar lendo os zines por horas e horas e trocar idéias com pessoas de todo tipo. Vejo que tenho realmente muita coisa pra comentar sobre o recheio do envelope, mas para que não fique um post muito longo, vou fazer aos poucos, pra não misturar os assuntos.

O Cientista é um cara que admiro muito. Dedicado, batalhador, inteligente, criativo e muito competente na cena underground. Ele me mandou o Cena Hardcore número 6, que é muito bem diagramado, impresso em papel bom, capa colorida, diversificado nos assuntos, libertário no conteúdo, e tem uma coisa que sempre gostei num zine: endereços e comentários sobre os zines que ele tem contato. E é fantástico ver como ainda tem zines sendo feitos hoje em dia! E alguns nomes do passado ainda estão na ativa. Ao lado de cada informação, tem a capa do zine, que eu acho ótimo, porque dá vontade de ler. Então vou terminar esse primeiro post sobre zines, transcrevendo um trecho de abertura sobre fanzines, que diz bem como a coisa tá rolando hoje em dia.

“Buuuuuuhhhh! Que bicho é este? O Fanzine é um dos maiores meios de vinculação da imprensa alternativa no mundo. Muitas revistas, alguns jornais e sites já foram fanzines. Hoje a Internet agiliza as coisas e democratiza mais a informação, mas eu sou do tempo em que o Fanzine, as cartas e a fita demo davam a sustentação ao cenário underground. Por isto os Fanzines que continuam – mesmo com a Internet – merecem ser valorizados e estimulados. Enviem cartas para os Fanzines, mas não esqueça de enviar um selo de 1º porte para agilizar a resposta. Prestigie os Fanzines!”


Contato: FANZINE CENA HARDCORE Luis Eduardo (Cientista) Cx. Postal 306 – Londrina – PR – CEP: 86001-970 hcscene@sercomtel.com.br http://www.fotolog.net/surface http://www.cenahardcore.com.br/

1 estressados(as):

Welker disse...

Sinto a nostalgia no ar... ah não, é só a musiquinha do Titanic tocando.